Foto: Reprodução / Governo PR
Em meio ao momento mais duro da pandemia do novo coronavírus desde seu início, há um ano, dois estados decretaram lockdown nesta sexta-feira: Paraná e Santa Catarina. Os estados da região Sul são dos mais atingidos pela nova variante da doença no país, que nesta quinta-feira bateu o recorde de mortes em apenas um dia, com 1.582. No Paraná, a ocupação dos leitos de UTI é de 94% e, em Santa Catarina, de 90,4%. Em São Paulo, o governador João Doria (PSDB) voltou a endurecer a quarentena em algumas localidades.
A capital paulista voltará à fase laranja, considerada intermediária, em que restaurantes só poderão funcionar até as 20h. Bares funcionarão, primordialmente, no sistema de delivery. O atendiemento ao público só será permitido para os estabelecimentos que vendem refeições.
Especialistas alertaram, nesta quinta-feira, para a possibilidade de um colapso nacional do sistema de saúde, com diversos estados registrando ao mesmo tempo ocupação máxima dos leitos exclusivos para pacientes com Covid-19.
— Essa nova cepa que chegou ao Brasil e se alastrou fez com que a infecção tomasse uma velocidade além da normalidade que estava sendo acompanhada e planejada pela secretaria estadual de Saúde — afirmou o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD).
No Paraná, serviços e atividades não essenciais serão suspensos a partir deste sábado até o dia 8 de março. No período, haverá também proibição da circulação de pessoas em espaços e vias públicas das 20h às 5h. O governador também anunciou a suspensão das aulas.
Em Santa Catarina, o lockdown ocorrerá neste final de semana e no próximo. Nessas datas, os serviçõs não essenciais também serão fechados.
— O novo quadro que se apresenta é extremamente grave, e, por isso, é fundamental que o governo estadual tome medidas ainda mais duras, pois o que importa é preservar a vida dos catarinenses — afirmou o governador Carlos Moisés (PSL).
Nesta quinta-feira, o país registrou o pior número de mortos em 24 horas de toda a pandemia. Foram 1.582 óbitos registrados em apenas um dia, com recorde também na média móvel de mortes, que ficou em 1.150, o que representa 8% a mais do que há duas semanas. A média de óbitos está acima de mil desde o dia 21 de janeiro.
Já são 251.661 vidas perdidas e 10.393.886 de pessoas infectadas pelo vírus, segundo os dados compilados pelo consórcio formado por O GLOBO, Extra, G1, Folha de S.Paulo, UOL e O Estado de S. Paulo, com informações das secretarias estaduais de Saúde.
— Estamos pedindo um período de oito dias. Não é um longo prazo sem poder voltar à normalidade. Estamos em um momento de descontrole da transmissão no estado do Paraná — afirmou Ratinho Junior.
Em entrevista ao GLOBO, o médico e cientista Miguel Nicolelis afirmou que teme um colapso nacional do sistema de saúde:
— Estou vendo chance grande de um colapso nacional. Boa parte das capitais pode colapsar ao mesmo tempo, nunca estivemos (tão) perto disso. Se eliminar o genocídio indígena e a escravidão, (esta) é a maior tragédia do Brasil — disse Nicolelis.
O Globo
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