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Paulo Henrique Santos Monteiro, 34 anos, suspeito de cometer uma série de estupros em Fortaleza, praticava os crimes há, pelo menos, seis meses. Até o momento, a Polícia identificou dez vítimas — número que pode aumentar. As informações foram divulgadas em coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira (30). O homem se passava por mulher no contato com as vítimas e ofertava uma vaga de emprego de babá.
O suspeito, que já era investigado por estupro pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Fortaleza, usava perfis falsos fingindo ser uma mulher para oferecer empregos em redes sociais. Durante o contato, as vítimas conversavam com a suposta contratante e marcavam encontro com o criminoso após estabelecerem confiança.
Em depoimento, o suspeito afirmou realizar os crimes há seis meses. A investigação da DDM, contudo, começou há um ano e dois meses, após uma das vítimas denunciá-lo. Ao longo das apurações, a Polícia chegou a três vítimas, com idades entre 16 e 27 anos.
COMO O CRIME OCORRIA
As vítimas publicavam disponibilidade para empregos como babás ou auxiliares administrativas em sites de anúncios. Lá, o criminoso, sob os nomes “Mariana” ou “Gabriela”, procurava essas pessoas e oferecia o serviço de babá para o filho autista, que precisaria de “atenção integral”.
No dia das reuniões, o homem, ainda se passando pela mulher contratante, dizia não poder ir ao encontro, pontuando que o marido dela — o próprio criminoso — poderia buscar a vítima para levá-la à suposta residência que seria o local de trabalho.
As vítimas, sozinhas, marcavam encontro em locais públicos próximos ao local de trabalho do suspeito, que atuava como zelador em um prédio. Posteriormente, elas eram levadas, sem desconfiar, para um terreno no bairro Jacarecanga, onde eram estupradas após serem abordadas com canivete.
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“Ele não tinha pressa; ele queria ganhar a confiança dessas vítimas”, afirma a titular da DDM, delegada Ana Nery, pontuando que ele chegava a passar duas semanas realizando as tratativas.
“Ele realmente tentava ganhar a confiança dessas vítimas. Ficou muito claro que ele se aproveitava da vulnerabilidade financeira dessas vítimas, que estavam precisando demais de emprego”, afirma ela, apontando que o valor era mais alto do que a média de trabalhos anteriores das vítimas em razão de elas, eventualmente, amamentarem o suposto filho.
FOTOS DAS VÍTIMAS
Durante as negociações, o criminoso chegava a pedir fotos dos seios das vítimas com o pretexto de que a suposta criança, de nove anos, tinha a necessidade de fazer a puxada da mama. Muitas babás chegavam a questionar a idade do menino, e o criminoso associava a questão da amamentação ao fato do garoto ser autista e ter “dependência emocional”.
Algumas delas enviavam imagens conforme o solicitado pelo criminoso, enquanto outras levavam o assunto aos companheiros delas para avaliarem se haveria problema. “Depois de um ou dois dias, talvez diante das condições financeiras, elas acabavam dizendo que os maridos consentiram e não haveria problema”, salienta Ana Cláudia Nery, classificando o criminoso como um psicopata.
Ana Cláudia Nery frisa que, mesmo com o envio das fotos dos seios, as mulheres são vítimas do criminoso e não devem ser descredibilizadas.
As imagens existentes nos celulares apreendidos vão desde vítimas diretas do suspeito — algumas ainda abaixo dos 18 anos — até material pornográfico, possivelmente retirado de sites. “Esse material foi encontrado na casa dele, na busca e apreensão, e ele os reconhece como sendo exatamente dele”, indica a delegada.
PRISÃO
A prisão de Paulo Henrique ocorreu na última sexta-feira (27), no bairro Carlito Pamplona, em Fortaleza, após cumprimento de um mandado de busca e apreensão. Na ocasião, a Polícia Civil do Ceará (PCCE) localizou, em quatro celulares apreendidos com ele, dezenas de vídeos que comprovam práticas criminosas. Também foi encontrada uma câmera fotográfica.
Em razão da quantidade de material encontrado, Paulo Henrique foi preso em flagrante pelo crime de registro não autorizado da intimidade sexual e autuado por adquirir, possuir e armazenar registros com cena de sexo explícito ou pornográfico envolvendo criança ou adolescente.
A diretora do Departamento de Proteção aos Grupos Vulneráveis (DPGV) da PCCE, Arlete Silveira, alerta que as vítimas tenham todo o cuidado, além de que busquem as autoridades competentes no caso de ocorrências do tipo.
“Quanto mais rápido a mulher procurar a Polícia, melhor vai ser o acolhimento, a preservação da integridade física e psicológica daquela mulher, e a responsabilização [do criminoso]. É importante que essa vítima confie, acredite e procure a DDM”.
Diário do Poder
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