De Crispiniano Maia
2024 chegou e mais uma vez estamos totalmente desprevenidos quanto à convivência com a seca que se apresenta, como previsto por meteorologistas e profetas populares que alertam há meses que, mesmo sendo “era de quatro”, nada de bom nos é prometido porque o El Niño vem aquecendo fortemente as águas do Pacífico.
Já os gestores públicos têm feito ouvidos de mercador e nada de grande consistência, capaz de contornar o grande prejuízo que uma seca promove nos estados e municípios nordestinos e do grave problema social que isto provoca.
O Governo Federal anunciou a construção de cisternas, para além de 1,3 milhão herdadas de governos anteriores de Lula e Dilma e que, absurdamente tinham parado de ser ofertadas ao público residente no semiárido que ainda padece sede sob o ronco do carro pipa, galão às costas, lata d’água na cabeça ou no rastejar das roladeiras.
O Governo do Estado distribuiu sementes, mas, as prefeituras com raras exceções, chegaram junto com o programa “Corte de Terra”, sem o qual a semente não pode ser plantada.
O meteorologista Gilmar Bristot, da Emparn, alertou que a quadra chuvosa seria curta, limitando-se praticamente a janeiro e fevereiro, mas não lhe ouviram e a maioria das prefeituras ainda patina na “burocracia” para contratar tratores, quando as primeiras chuvas caíram nos últimos dias de dezembro, proporcionando condições mínimas para a gradagem dos solos onde deveriam estar sendo preparados o plantio das sementes de variedades de ciclo curto que o melhoramento genético já nos proporcionou.
A primeira quinzena de janeiro não vem atendendo às expectativas de chuva. A natureza não está chegando com sua parte. Isto está fora do nosso controle, mas elas devem voltar. O condenável é que prefeitos estejam curtindo os réveillons da vida longe dos munícipes e não tenham providenciado o “corte de terra” e a assistência técnica juntamente com a Emater.
Acham-se muito ocupados com articulações de suas campanhas de reeleição ou sobre como formarão as chapas dos seus candidatos a prefeitos, vices e vereadores para daqui a dez meses.
Outra grande preocupação é o carnaval que este ano chega mais cedo. As bandas já estão contratadas. Todas ou quase todas com cachês superfaturados, em valores muito maiores que o necessário para se contratar os tratores.
Em breve teremos gente passando fome, feijão a preços insuportáveis e uma eleição, onde estes políticos estarão batendo de porta em porta em busca do voto, dando esmolas com as verbas que não usaram na hora certa e da maneira adequada. E tudo continuará como dantes. Seca, fome e a desavergonhada compra de votos, com o indefectível cabresto que mantém os currais eleitorais intactos.
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