O Brasil ocupa o número 89 no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Organização das Nações Unidas (ONU), de acordo com novo relatório divulgado pela Organização.
A lista tem 193 países. No topo do ranking estão Suíça, Noruega e Islândia. República Centro-Africana, Sudão do Sul e Somália, todos no continente africano, ocupam as três últimas posições.
O relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento aponta que os avanços foram profundamente desiguais, após a crise provocada pela pandemia em 2020 e 2021, quando o relatório registrou pela primeira vez quedas nos índices globais.
Países ricos experimentam níveis recorde de desenvolvimento humano. Por outro lado, entre os 35 países menos desenvolvidos, 18 ainda não retornaram aos níveis de 2019.
Nota do Brasil menor que países em guerra
Um fato que acabou gerando confusão foi a posição do Brasil ser menor que a de países envolvidos em guerras, como é o caso da Rússia, que ocupa a 56ª posição com um IDH de 0,821.
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia vem ganhando mais camadas desde a invasão no dia 24 de fevereiro de 2022. Ainda não há um fim à vista para o conflito, com os russos ocupando áreas significativas no leste e no sul da Ucrânia.
O mesmo ocorre com Israel, que ocupa a 25ª posição, com um IDH de 0,915 em meio ao conflito que trava contra o grupo extremista Hamas desde outubro de 2023.
As guerras costumam gerar impactos diretos na economia e, consequentemente, nos índices de diversas maneiras. A estruição de infraestruturas essenciais, danos à saúde, impactos na educação e o deslocamento populacional podem acabar interferindo no IDH. Mesmo com todas as questões envolvendo os dois países, seus índices continuam maiores que o do Brasil.
Recuperação de 2022
A Chefe de Estatística do Escritório que elabora o índice, Yanchun Zang observa que a recuperação em 2022 ainda não foi suficiente para o nível global voltar ao patamar de pré-pandemia. E chama a atenção para as grandes divergências entre os países.
“A recuperação do IDH foi desigual. Enquanto todos os países da OCDE se recuperaram, apenas metade dos países menos desenvolvidos fizeram o mesmo. Os mais pobres e mais vulneráveis da comunidade internacional estão sendo deixados para trás”.
Outra preocupação trazida no relatório são os discursos contrários à cooperação global necessária para lidar com questões urgentes.
No evento de apresentação do relatório, o secretário-geral da ONU, Antônio Guterrez, declarou que o mundo vive uma era de polarização.
“Entre as comunidades e através das regiões, as pessoas estão sendo afastadas umas das outras pelo aumento da desigualdade, a escalada de conflitos e as catástrofes climáticas. A desinformação e a quebra da confiança estão esgarçando o tecido social e reduzindo o espaço para o debate público propositivo”.
Segundo o relatório, o avanço da ação coletiva internacional também é prejudicado por uma incoerência que tem sido notada em pesquisas: enquanto 9 em cada 10 pessoas em todo o mundo apoiam a democracia, mais da metade dos entrevistados em pesquisas globais expressam apoio a líderes que podem minar o processo democrático.
O relatório destaca ainda que a desglobalização não é viável nem realista no mundo atual e que a interdependência econômica continua elevada. Segundo os autores, nenhuma região do mundo está próxima da autossuficiência e todas dependem de importações de outros locais.
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