O plano de mãe e filho para assassinar Jaetts Amaral, marido e padrasto, respectivamente, não saiu como eles esperavam. O suspeito que recebeu R$ 30 mil para assassinar o empresário não praticou o crime e ainda contou toda a trama para a vítima, que fugiu para outro estado para se proteger.
O motivo para planejar a morte, segundo a Divisão Especial de Investigação e Capturas (Deic), seria um conflito patrimonial enfrentado pela família, que ostentava uma vida luxuosa na redes sociais. A revelação dessa história, que mais parece um roteiro de filme, foi divulgada pela Polícia Civil de Alagoas em entrevista coletiva na Secretaria de Segurança Pública, em Maceió, nesta quarta-feira (30).
Suely Moraes Amaral e o filho Igor Amaral foram presos nesta terça-feira (29). Eles não foram detidos por terem mandado matar Jaetts Amaral, mas por participarem de uma organização criminosa que, segundo a polícia, lucrava em cima da prática de lavagem de dinheiro pelo crime de agiotagem. O suspeito contratado para matar o empresário- cuja participação em agiotagem não foi constatada pelas investigações – seria responsável por efetuar cobranças da prática criminosa liderada por mãe e filho.
Segundo o delegado Thiago Prado, o suspeito conhecido apenas como João, teria sido contratado em dezembro por R$ 30 mil, tendo recebido a metade naquele mês e a outra metade na quinta-feira passada, quando ele mentiu dizendo que tinha matado Jaetts com dois tiros na cabeça e jogado o corpo em um matagal em Marechal Deodoro. Naquele dia, João teria ainda apresentado uma agenda da vítima à Suely, porque a mulher havia ordenado que ele o fizesse após a consumação do assassinato.
Acreditando que o empresário havia sido assassinado, a própria esposa dele fez a denúncia na Deic, afirmando que Jaetts tinha desaparecido. A Polícia Civil chegou até a mulher e ao enteado da vítima depois que um familiar entrou em contato com a polícia afirmando que o empresário estava bem, em outro estado e revelando toda a trama. De acordo com o delegado Thiago Prado, as investigações apontaram para incongruências nas informações de mãe e filho durante os depoimentos, já que ela havia afirmado que Jaetts tinha deixado uma BMW em uma oficina na região da Jatiúca antes de ficar sem contato. Ao verificar a informação, polícia constatou que era falsa.
“Durante a prisão, expedida pela 17ª Vara Criminal, ela não demonstrou arrependimento e percebemos que ela ficou surpresa quando informamos que o marido estava vivo”, declarou o delegado. Segundo Prado, a mulher alegou que sofria violência física de Jaetts. No entanto, o delegado salientou que não há nenhum registro de Boletim de Ocorrência sobre a violência contra ela.
Ele explicou ainda que o filho foi cúmplice, pois sabia de toda a trama e foi responsável por sacar o dinheiro em um banco para efetuar o pagamento ao suspeito. João desistiu do crime e teria sido pressionado a cometê-lo, caso contrário, “Suely iria contratar outros pistoleiros dos quais ela se relacionava, para matar o marido”, complementou o delegado. O homem não foi preso porque está sendo tratado como colaborador da polícia e está em um local protegido.
Agiotagem
Mãe e filho tiveram a prisão temporária decretada por serem suspeitos de liderar uma organização que lida com pistoleiros e agiotagem. Suely é servidora aposentada da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas, cuja renda é de R$ 20 mil mensais, incompatíveis, segundo a polícia, com o que ostenta nas redes sociais. O filho, Igor Amaral, não tem renda fixa. A vida luxuosa que eles apresentavam em comparação com o que eles realmente têm em ofício levou a polícia a levantar “fortes indícios” da prática de lavagem de dinheiro, conforme informou o delegado Thiago Prado.
Ainda segundo a polícia, os indícios ficaram mais fortes depois do depoimento de João, que confessou trabalhar como cobrador dos empréstimos concedidos por Suely na agiotagem. As primeiras informações sobre o homem contratado e toda a trama da morte foi enviada à polícia por meio de gravação em vídeo. Também de acordo com a polícia, Igor foi preso por posse ilegal de arma de fogo. A arma foi apreendida.
Fonte: OP9
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