A governadora Fátima Bezerra construiu sua carreira política com a pauta dos trabalhadores debaixo do braço. É inegável que, por diversas vezes, esteve ao lado dos servidores cobrando de governadores passados o atendimento de pleitos de várias categorias. Agora, com a caneta do Estado na mão, Fátima se encontra entre a cruz e a espada.
Um dos dilemas enfrentados pela governadora está na Assembleia Legislativa. Depois de enviar para a casa legislativa projeto que implica reajuste de 16,38% para procuradores, o Governo enfrenta um embate encampado pelo deputado Nelter Queiroz, que apresentou emenda estendendo o mesmo percentual para os demais servidores do Estado.
O parlamentar chegou a declarar, na semana passada: "Estou fazendo papel que a deputada Fátima Bezerra fazia no passado aqui também". Até agora, porém, o Governo do RN tem tentado, através dos deputados governistas, evitar que a emenda do deputado Nelter seja votada. A alegação é que o Estado não tem como arcar financeiramente com esse reajuste para todos os servidores.
Difícil é convencer quem ganha um salário mínimo, dois ou três, a ficar quieto esperando a situação do Estado melhorar enquanto quem ganha na casa dos R$ 30 mil tem um reajuste.
Outro dilema enfrentado por Fátima Bezerra está na segurança pública. O Governo também enviou para AL projeto que concede reajuste de 23% aos policiais militares e bombeiros militares. A matéria, inclusive, já foi votada e aprovada pelos deputados. Agora, policiais civis e também agentes penitenciários cobram o mesmo tratamento dispensado aos outros "filhos" da segurança.
Como boa sindicalista que sempre foi, Fátima sabe que quando uma categoria é atendida em seus pleitos, outras saem em busca de também serem contempladas, ainda mais quando fazem parte do mesmo segmento.
O Governo tem enfrentado ainda o embate entre empresários e prefeitos, depois da criação do Programa de Estímulo ao Desenvolvimento Industrial do Rio Grande do Norte (Proedi). Os prefeitos apontam que a redução dos recursos destinados aos municípios por meio do ICMS vai afetar diretamente o funcionamento de serviços básicos e cobram uma mudança de entendimento do Governo. Já os empresários defendem o Proedi ressaltando a manutenção de pelo menos 25 mil empregos diretos.
A vida de chefe do Executivo não é fácil, mas Fátima também sabia disso ao disputar o cargo de governadora. Resta saber como ela vai resolver seus dilemas. Seguir a linha sindicalista que garantiu suas eleições ou vestir por completo a capa de Governo e, como tal, dizer não às reivindicações de servidores.
Por Thiago Macedo
Por Thiago Macedo
Comentários
Postar um comentário