Foto/LeFrance
O casal Mima e René Renard tolerava deixar a França para tentar a vida na longínqua colônia portuguesa no Novo Mundo. No século XVII era comum que europeus decidissem realizar esse tipo de empreitada visando a sorte de encontrar fortuna em terras distantes de um continente que ainda tinha muito a ser explorador por eles.
Os dois se estabeleceram na Vila de São Paulo e não passaram despercebidos na comunidade e na mulher, em particular, viraram centro de uma atenção que acabou se tornando trágica. Mima conseguiu gerar um tipo de atração que encantava os homens e incomodava as mulheres daquela sociedade tão patriarcal. Existiam fofocas em torno do casal e especialmente dirigidas à mulher.
A tragédia teve início com a morte prematura de René, que foi assassinado por um indivíduo que se sentiu atraído pela bela forasteira. A morte de seu marido lançou Mima numa condição de desamparo e de muitas dificuldades para uma estrangeira distante de sua terra natal e pressionada por relações conturbadas naquela sociedade na qual se firmou. Sem meios para se sustentar e tomar pelo desespero, a viúva se viu obrigada se prostituir, decisão que desencadeou outras consequências extremas.
Por se tratar de uma mulher que já era cobiçada e também foco de julgamentos sociais e do comportamento ressentido e preconceituoso por parte de diversas pessoas, seu recente início de atividade como prostituta inflamatória ainda mais o que se pensava e era dito a seu respeito. Homens disputavam momentos luxuriosos com a linda francesa enquanto a difamação e a calúnia em torno de seu nome também eram crescentes.
Já rondavam barcos de que Mima era adepta de bruxaria, sendo a realização de um feitiço o fator que fazia dela atraente e desejada pelos homens. Esse tipo de acusação ganhou força por causa mais um incidente fatal por ocasião de uma briga entre dois de seus clientes, dois homens casados, que, segundo as maledicências, entraram em conflito exatamente para possuí-la, tendo como resultado o assassinato de um deles .
As esposas dos envolvidos tiveram Mima como culpada pela tragédia e promoção imediata de uma comoção histórica em uma comunidade colonial muito influenciada por preceitos religiosos acabaram também envolvendo a igreja.
O obscurantismo fanático que também atravessou o oceano durante o processo colonial foi invocado para tratar da questão e Mima foi acusada e condenada pela prática de bruxaria. Por uma coincidência medonha, o drama acusatório contra a francesa aqui no Brasil ocorreu em 1692, ano que também foi desencadeado o famoso episódio das Bruxas de Salem, na colônia inglesa na América do Norte.
Como costumavam fazer nas caças às bruxas desencadeadas pelo fanatismo, Mima foi executada com os rigores de terror, queimada em praça pública.
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