Os casos de estupro de vulnerável cresceram em 39,7% em 2023, entre janeiro e setembro, em comparação ao mesmo período do ano passado.
As informações são da Coordenadora de Informações Estatísticas e Análises Criminais (COINE), da Secretaria da Segurança Pública e da Defesa Social (SESED).
De acordo com os dados, foram registrados 686 casos nos últimos nove meses, 195 casos a mais que no mesmo período do ano anterior.
Segundo a diretora do Departamento de Proteção a Grupos em Situação de Vulnerabilidade (DPGV) da Polícia Civil, Paoulla Maués, o aumento da quantidade de registros ocorreu devido ao aumento do número de delegacias especializadas investigando esse tipo de crime.
“No ano passado, nós tínhamos apenas uma Delegacia Especializada de Proteção à Criança e Adolescente (DPCA) no estado todo, e nesse ano, nós temos três dessas delegacias no estado, em Natal, Mossoró e Parnamirim”, explicou ela.
Além disso, nas localidades que não têm DPCA, mas tem Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (DEAM), também tem investigações de crimes praticados contra crianças e adolescentes, sendo realizadas pelas DEAMs. “Do ano passado para cá passaram a ter 12 delegacias investigando esses crimes”, completou.
Maioria dos criminosos são conhecidos da família das vítimas de estupro, diz diretora
É comum serem observados casos de denúncias com criminosos que tem uma relação de proximidade das famílias das vítimas, segundo a diretora do DPGV, podendo até mesmo ser parentes. “Eles adquirem a confiança da vítima e da família, então não têm suspeita dessa pessoa e a criança fica ainda mais vulnerável” relatou Paoulla Maués.
Dessa forma, é possível que o crime até mesmo passe despercebido pelos familiares caso o acontecimento não seja relatado. A diretora conta que, muitas vezes, a criança não sabe como falar que é vítima de violência ou até mesmo é ameaçada, fazendo com que seja ainda mais difícil de denunciar.
“É um crime muito difícil de chegar até nós porque a criança não tem esse conhecimento de que ela tá sendo vítima de um crime sexual”
Paoulla ressalta o papel dos pais e responsáveis nas denúncias e diz que muitos deles “não falam, eles sabem ou desconfiam e não denunciam à Polícia por vergonha, por acharem que é normal ou cultural, por medo, por uma série de situações”.
Além disso, existe o perigo dos responsáveis não darem a credibilidade à criança ou ignorarem os sinais, segundo diz a diretora.
Como são as denúncias de estupro de vulnerável
As denúncias podem ocorrer primeiramente a partir do registro do boletim de ocorrência na delegacia especializada de proteção à criança e adolescente ou na delegacia virtual, no site delegaciavirtual.sinesp.gov.br.
As denúncias também podem ser recebidas por meio do disque 181, número correspondente à Secretaria de Segurança do RN, pelo disque 100, do Governo Federal.
Hospitais e estabelecimentos das redes públicas e privadas também devem notificar as delegacias em caso de suspeita de crimes de violência praticados contra crianças e adolescentes.
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