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PADRE CÍCERO ENTRA PARA O LIVRO DOS HERÓIS E HEROÍNAS DA PÁTRIA COM SANÇÃO DO PRESIDENTE LULA

 


Cícero Romão Batista, mais conhecido como Padre Cícero, entrou para o Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, através da lei 14.693/2023, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e publicada, nesta quarta-feira (11), no Diário Oficial da União.  

A Câmara dos Deputados havia aprovado a inclusão do religioso no "Livro de Aço" no último dia 4 de maio. O projeto é de autoria do deputado federal cearense, José Guimarães (PT), que comemorou a aprovação.

O Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria fica no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes e reúne importantes nomes da história do País. Entre os heróis e heroínas, estão Tiradentes, Anita Garibaldi, Zumbi dos Palmares, Machado de Assis, Chico Xavier e Irmã Dulce. Com o nome do padre, são ao todo 66 personalidades que tiveram o reconhecimento por terem dedicado suas vidas a um Brasil melhor.

RELIGIÃO E POLÍTICA 

Padre Cícero foi uma importante liderança política e religiosa em Juazeiro do Norte, no Cariri. 

Após se tornar vigário da capela da então Vila de Juazeiro, ele passou a lutar pela emancipação do território em relação ao Crato. 

Depois de ser emancipada, a cidade foi comandada por ele, que foi eleito prefeito de Juazeiro. Ele chegou ainda a ser nomeado vice-governador do Ceará, apesar de nunca ter exercido o cargo. 

No dia 1º de março de 1889, ocorreu pela primeira vez um fenômeno, que viria a se repetir diversas vezes: quando a beata Maria de Araújo recebeu a comunhão das mãos do Padre Cícero, a hóstia consagrada teria se transformado em sangue na boca da beata.

PADRE CÍCERO, LAMPIÃO E A COLUNA PRESTES



Um dos fatos que mais marcaram a história de Padre Cícero está ligado a passagem da Coluna Prestes pelo Ceará e deu-se com o inusitado convite feito pelo Coronel  Floro Bartolomeu ao cangaceiro Lampião – para combater os rebeldes e defender a legalidade. 

Ainda sediado em Campos Sales, com seus batalhões de jagunços, Floro, amigo e correligionário de Padre Cícero, teria enviado um mensageiro portando uma carta para o “rei do cangaço” – carta referendada e assinada também por Padre Cícero – pedindo a presença do cangaceiro em Juazeiro.  

Lampião que, por ser devoto de Padre Cícero, evitava atacar o Ceará, ao receber o convite do padre apressou-se a atendê-lo, chegando a Juazeiro com cerca de 50 homens, no inicio de março de 1926, quando a Coluna já havia deixado o Estado.

Naquela cidade, num único e marcante encontro, Lampião, após ser aconselhado por Padre Cícero a deixar aquela vida de bandidagem, comprometeu-se a combater a Coluna Prestes, recebendo armas, fardamentos e uma patente de capitão do Exército.

A presença de Lampião em Juazeiro provocou alvoroço. Uma multidão se formou para ver o famoso cangaceiro e seu bando. Lampião concedeu entrevistas, bateu fotos, ofertou esmolas à igreja local, recebeu visitas e foi agraciado com presentes, sem ser incomodado pela polícia. 

O bando deixou Juazeiro satisfeito, sobretudo porque o documento que dava ao chefe a “patente” de capitão – o que correspondia ao perdão de seus crimes e a não ocorrência de mais perseguições por parte da polícia – havia sido assinado a pedido de Padre Cícero pela única autoridade federal em Juazeiro, um agrônomo do Ministério da Agricultura, Pedro Albuquerque Uchoa.

Conta-se que chamado mais tarde a Recife, para explicar tamanho absurdo, o agrônomo teria dito aos seus superiores que, naquelas circunstâncias, e com o medo que tinha de Lampião, ele teria assinado até a demissão do presidente Arthur Bernardes.

Lampião, contudo, não foi combater a Coluna Prestes. O cangaceiro, agora definitivamente nomeado Capitão Virgulino Ferreira, talvez tenha temido a fama de guerreiros dos tenentes, talvez tenha ficado irritado ao descobrir que a “patente” não tinha valor legal, portanto não valia nada.  

O patriarca de Juazeiro foi duramente criticado pela imprensa de Fortaleza, a qual usou o episódio como prova da proteção que o padre fazia a criminosos.

Apesar do acontecido, Lampião nunca perdeu o respeito nem a admiração que tinha por Padre Cícero. 

Em junho de 1927, Lampião voltou ao Ceará, após uma fracassada tentativa de saquear Mossoró, no Rio Grande do Norte. O bando ocupou Limoeiro do Norte, exigindo uma quantia em dinheiro como “resgate”. 

Dias após deixar Limoeiro, Lampião sofreu uma emboscada feita por 500 policiais, perdendo grande parte das provisões, munições e montarias. 

Com poucas armas, a pé na caatinga, os cangaceiros travaram em seguida outro tiroteio com a polícia, desta vez na Serra da Macambira, em Pernambuco. apesar da escassez de armamentos, os bandidos derrotaram centenas de policiais, fazendo aumentar nos sertões a lenda do “rei do cangaço”. 

Ajudados por coiteiros, os cangaceiros escaparam para os sertões de Pernambuco.  

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