O El Niño está chegando ao fim e entrando em um período de neutralidade, no qual as águas do Pacífico não estão tão quentes quanto antes. Porém, os especialistas alertam para a chegada de outro fenômeno climático, o La Niña, que é o oposto do El Niño.
Em vez das ondas de calor intensas, a tendência para o inverno de 2024 é de um clima mais frio, devido ao resfriamento das águas do Pacífico tropical central e oriental causado pelo La Niña.
De acordo com análises do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), há uma probabilidade de que o Brasil já esteja sob os efeitos do fenômeno no trimestre compreendido entre junho, julho e agosto deste ano.
Chuvas acima da média
A intensidade do La Niña ainda não pode ser afirmada com certeza, mas normalmente os impactos desse fenômeno incluem chuvas acima da média nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Por outro lado, na região Sul e parte do Centro-Oeste e Sudeste, as chuvas ocorrem de forma irregular, aumentando os riscos de seca ou estiagem, principalmente durante a primavera e o verão, conforme informações do Inmet em seu site oficial.
Os efeitos do El Niño são justamente o oposto: diminuição das chuvas no Norte e Nordeste, calor e aumento das chuvas nas demais regiões.
Segundo as análises divulgadas pelo Inmet, desde o início de abril foi registrado um resfriamento das Temperaturas da Superfície do Mar (TSMs), que nos últimos cinco dias chegaram a valores próximos a 0,5ºC acima da média. Esse valor é considerado o limite para o início da fase neutra do oceano. Além disso, as TSMs já vinham em constante esfriamento no Pacífico Equatorial, com as temperaturas caindo de 1,5ºC para 1,2ºC acima da média entre fevereiro e março de 2024.
Transição entre os fenômenos
Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, um ponto que tem chamado a atenção dos especialistas é a rápida transição entre os dois fenômenos. Enquanto um ainda está se encerrando, o outro já está demonstrando sinais de chegada. Isso se deve às constantes mudanças climáticas que estamos enfrentando.
De acordo com a Organização Meteorológica Mundial, tanto o El Niño quanto a La Niña têm duração de nove a 12 meses e ocorrem a cada dois a sete anos, embora não sigam um calendário regular e possam praticamente se sobrepor, como está acontecendo este ano.
Há apenas um ano, saímos de uma La Niña e em março já tínhamos sinais de El Niño. Agora, em março e abril, estamos novamente com sinais de La Niña. Essas rápidas mudanças climáticas dificultam a recuperação dos impactos causados pelos fenômenos, como destaca Yolanda González, diretora do Centro Internacional de Pesquisa para o Fenômeno El Niño.
Essas oscilações climáticas têm impactado diretamente a produção agrícola na América Latina como um todo, especialmente nas culturas de trigo, arroz e milho. Isso acarreta efeitos significativos na economia dos países que dependem dessas commodities.
Chuvas no Sudeste
Em um boletim divulgado pelo Inmet em março, a previsão para os próximos três meses na região Sudeste do país era de chuvas levemente acima da média. No entanto, essa previsão pode ser alterada agora no final de abril, quando um novo levantamento será realizado.
As mudanças abruptas que as espécies estão enfrentando e o fato de que esses ciclos estão quase se sobrepondo reduzem significativamente a capacidade de resiliência para se adaptar a essas mudanças. Portanto, estamos diante de um cenário que representa um enorme desafio, como aponta Marion Khamis, especialista em Gestão de Riscos e Resiliência para a América Latina da FAO, organização intergovernamental da ONU responsável por negociar acordos e discutir políticas para combater a fome mundial.
O Antagonista
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