De Crispiniano Neto
As campanhas começaram, por mais que o calendário oficial diga que tudo começará depois das convenções partidárias.
A disputa eleitoral nunca teve trégua nesta terra onde palanques nunca são desmontados. Ouvi, faz tempo, que “uma campanha começa quando a outra termina”.
Pura verdade. Sempre começa antes, pois há quem se candidate para se referenciar à eleição seguinte. Teremos candidatos neste 2024 já fazendo pré-campanha para 2026.
Falamos de como se faz financiamento de campanhas, totalmente à revelia da legislação, dos limites legais de gastos e das formas excessivamente heterodoxas de se fazer captação de dinheiro.
É risível a visão da Justiça Eleitoral. Primeiro, quanto à ilusão de que empresas não financiam campanhas. Não só financiam como o fazem a troco de compromissos de retorno em contratos futuros, sempre em dispensas injustificadas e licitações escancaradamente fraudulentas. Mais hilários são os limites de gastos para cada cidade, seja na disputa majoritária, seja na proporcional.
Alguém, em são consciência, pode crer que nas eleições de 2020 em Mossoró, os gastos de cada chapa majoritária se limitaram a R$ 3.364.740, 48 (três milhões trezentos e sessenta e quatro mil, setecentos e sessenta e quatro mil, setecentos reais e quarenta e oito centavos)? E que, para vereador campanhas não passaram dos 222 mil e 300 reais? Que em Natal, maior município potiguar, os gastos de prefeito ficaram nos limites dos R$ 6.254.508,52 e os de vereador não passaram de R$ 386.587,77?. Nem em Vila Flor, o menor município, onde os limites eram ridículos R$ 123.077,42 para prefeito e R$ 12.307,75 para vereador.
Respeitem nossas inteligências.
Conheço um município de 12 mil eleitores onde um candidato já torrou perto dos 5 milhões de reais, quando o limite do TSE é de R$ 181.997,95 para prefeito e R$ 19.376,89 para vereador. O prefeitável já deu a cada um dos 12 “vereadoráveis” mais competitivos entre duzentos e trezentos mil.
Compram-se votos no atacado, no grosso, no varejo e, na reta final, “no queima”. Faz-se leilão de votos, compram-se vereadores, líderes comunitários, cabos eleitorais e famílias inteiras como quem compra muamba ou se vende droga, em bocas de fumo.
Investigue-se e verão que tem muito dinheiro de droga em campanhas. Pior, tem votos pagos com pedras de crack e tabletes de maconha. Mais grave, tem candidatos que têm quadrilhas assaltando bancos e correios para comprarem mandatos. Nem falo do descalabro dos empregos forjados, “portarias” dadas como moedas de troca.
Quanto às burras “da viúva”, ouvi de velha raposa, “tem muita gente com mãos manchadas pelo azinhavre dos cofres públicos”. Gente que rouba para se eleger e se elege para roubar.
É preciso que Ministério Público e juízes eleitorais tratem o assunto com a gravidade que existe. Como crime organizado.
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